Olá queridos!
Esse foi o livro do mês do Leia Mulheres Niterói.
Conheci a autora na pós-FLIP, em um bate-papo, mediado por Katy Navarro.
Ela comentou sobre seus livros.
Sinopse do site da Saraiva: "Obra-prima da literatura portuguesa de hoje, o livro de Isabela Figueiredo é um devastador ajuste de contas com a situação colonial. Caderno de memórias coloniais foi publicado em 2009 em Portugal. Sucesso de público, foi saudado como uma obra-prima. E é de fato um genial acerto de contas da autora com o passado colonial de Portugal e com seu pai, um eletricista português radicado em Moçambique. O pai parece personificar Portugal: despreza e explora os nativos. O “melhor” de Moçambique ficava com os brancos: as boas praias, os bares, a vida cultural e social, as melhores oportunidades. Tudo isso é visto pelos olhos de Isabela, que lá nasceu em 1963 e teve que se mudar para Portugal nos anos 1970, durante o contexto da descolonização. O livro é uma espécie de Carta ao pai (de Kafka), um acerto de contas num texto que mescla memória, ensaio, observação pessoal e ficção. O livro tem origem num blog da autora, canal pioneiro para tentar trazer mais realidade à narrativa edulcorada do Portugal africano. Até então, havia uma enxurrada de memórias cor de rosa e piedosas de brancos que nasceram e cresceram nas colônias portuguesas e que nunca tratavam das questões reais e duras do passado: a exclusão da população local (negra), os trabalhos subalternos e mal-remunerados destinados aos locais, o racismo."
Bem, considero a Isabela muito corajosa ao contar suas memórias de Maputo, Moçambique, onde viveu quando criança com os pais.
Ela não poupou ninguém nesse livro, nem mesmo o seu pai. Contou detalhes da época do colonialismo e pós-colonialismo.
Ela fala sobre o 7 de setembro por lá. Na Wikipédia, temos uma explicação do que foi o 7 de setembro para Moçambique:
"Os Acordos de Lusaca foram assinados no dia 7 de setembro de 1974, em Lusaka (Zâmbia), entre o Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique(FRELIMO), movimento nacionalista que desencadeou a Luta Armada de Libertação Nacional, com o objectivo de conquistar a independência de Moçambique."
Ao longo do livro, a Isabela conta um pouco da vida que levava, ao lado da mãe e do pai, eletricista. Seu pai possuía empregados negros, a quem pagava um pequeno valor de salário e tratava mal. O racismo estava presente na sociedade.
"... e corria a cidade, o dia inteiro, de um lado ao outro, a controlar o trabalho da pretalhada, a pô-los na ordem com uns sopapos e uns encontrões bem assentes pela mão larga, mais uns pontapés, enfim, alguma porrada pedagógica, o que fosse necessário à fluidez do trabalho, cumprimento dos prazos e eficaz formação profissional indígena. " p. 43
A autora usa uma linguagem direta. Conta das traições do pai em uma sociedade totalmente machista, onde sua mãe tolerava a infidelidade, diante do papel da mulher naquela época (anos 60/70).
Ela também conta um pouco da descoberta da sexualidade, quando teve mais intimidade com um menino.
Com a luta armada, foi a vez de a população negra ir à combate. A autora não os poupou, também. Relatou detalhes de estupros e violências cometidos por eles durante a conquista da independência.
Com a luta, ela acabou indo morar em Portugal e, hoje em dia, se considera portuguesa.
Achei o livro um relato forte e corajoso, de quem presenciou fatos importantes na história de Moçambique.
Recomendo!
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